
Fernando Diniz, em jogo no Maracanã (Matheus Lima/Vasco)
Denílson, especialista em dribles e jogadas de efeito ao longo da carreira, lamenta o atual cenário do futebol. Reprovando o estilo “engessado” adotado como padrão em campo, o comentarista da Globo considera que Fernando Diniz e Pep Guardiola fazem parte do modelo em que situações táticas acabam vetando o improviso através de dribles.
“A questão tática está muito mais aflorada do que na minha época. É óbvio que você precisa ter uma organização para se defender, mas na hora de atacar, deixa ser mais natural, deixa esse 8 ar pela ponta, pelo lado, um negócio mais livre. Eu acho que está muito robotizado.”, disse Denílson, ao Abre Aspas, do GE.
“O Guardiola tem influência nisso, o Diniz aqui no Brasil tem influência nisso. Acho que está faltando irreverência.”, acrescentou.
Dono de uma grande qualidade técnica e com rapidez, Denílson não tinha dúvidas em partir para cima dos adversários. Porém, como existe uma preocupação em não desmanchar o esquema tático, o pentacampeão do mundo vê pouca liberdade envolvendo os jogadores de talento extraordinário.
“Quando eu recebia a bola do meia ou do lateral, a primeira coisa que pensava era girar, partir para cima do lateral. Cadê a criatividade, a irreverência, os caras que vão pra cima? Acho que existe uma preocupação muito grande com a questão tática do que deixar os jogadores agirem mais naturalmente dentro do campo.”, prosseguiu.
Erro cometido pela CBF? 5i5uj
Após a Copa do Mundo de 2022, a seleção atravessou um período bastante nebuloso. Segundo Denílson, a saída de Tite foi determinante para o declínio do Brasil, já que o trabalho do ex-técnico sempre mostrou uma grande consistência. Neste cenário, o comentarista não tem dúvidas sobre o erro da CBF em liberar o antigo comandante de maneira fácil.
“Acostumamos mal. Você vê o Brasil agora, que não chega, o torcedor fica desesperado. Eu jamais teria tirado o Tite do cargo, mas ele pediu para sair. Tenta convencê-lo de ficar. Saiu porque existia uma pressão muito grande para a saída dele.”, opinou.
“Foi um ótimo trabalho em todos os sentidos, porque tinha amigos que trabalhavam na comissão e os caras faziam um trabalho de monitoramento, de cuidado. Se fosse o Tite na próxima, eu me arrisco a dizer que a gente venceria ou chegaria na final, porque vencer é uma outra consequência, mas chegaria.”, completou.
Denílson cobra equilíbrio de Neymar: “Precisa ter” 5j1a14
Fora da primeira convocação de Ancelotti, Neymar é uma peça indispensável no trabalho do italiano. Além de recuperar o nível físico ideal, Denílson acredita que o camisa 10 da seleção brasileira precisa de sabedoria para lidar com a vida extracampo e evitar situações de exagero.
“O Neymar nunca disputou uma Copa do Mundo 100%. Tomara que na próxima, que deve ser a última dele, que dispute 100%. Ele sabe que vai fazer uma parada e ele vai para o Carnaval com o pé machucado, sabe que ele vai receber uma crítica. Ela pode ser maior ou menor, mas vai receber uma crítica. Quando o campo fala, está tudo bem ir a algum lugar. O problema é você ir a algum lugar quando o campo não está falando. Acho que é esse equilíbrio que ele precisa ter.”, externou.